Após quatro anos de pesquisas com jovens de comunidades com UPPs do Rio de Janeiro (RJ), o projeto Agentes da Transformação realizou o lançamento dos Cadernos da Juventude Carioca. A publicação reúne os principais dados das pesquisas conduzidas entre 2013 e 2016 pelo projeto, realizado em parceria entre o Instituto TIM e o Instituto Pereira Passos (IPP). O lançamento dos Cadernos aconteceu no Museu de Arte do Rio (MAR) e contou com cerca de 100 convidados, entre representantes de secretarias municipais e do IPP, coordenadores e jovens bolsistas que participaram do projeto e interessados.
A abertura do evento foi feita pelo presidente do IPP, Mauro Osorio; pela diretora de Projetos Especiais do IPP e coordenadora de Agentes da Transformação, Andrea Pulici; e pela representante do Instituto TIM Anna Carolina Meireles. Eles comentaram que a publicação é um fechamento dos quatro anos de trabalho do projeto e agradeceram pela parceria entre Instituto TIM, IPP e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). No total, 340 jovens bolsistas, orientados por 34 coordenadores, fizeram mais de 17 mil entrevistas em 40 comunidades.
Andrea fez uma apresentação dos Cadernos, que são divididos em quatro blocos: Identidade (gênero e cor); Educação, trabalho e família; Estilo de vida (rotina, comportamento e violência); e Jovens no Degase. Este último é resultado de uma pesquisa realizada pelo IPP e pelo UNICEF, com o apoio da Escola de Gestão Socioeducativa Paulo Freire, com jovens que cumprem medidas socioeducativas de internação em unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Novo Degase). A metodologia de pesquisa foi adaptada da metodologia utilizada em Agentes da Transformação, com o objetivo de analisar e comparar os perfis dos jovens internados e dos jovens que vivem nas comunidades.
Em seguida, três convidados foram chamados ao palco para falar da importância dos Cadernos e das várias possibilidades de uso dos dados coletados: Cristiane Santana, subsecretária de Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro; Luciana Phebo, coordenadora do escritório do UNICEF no Rio de Janeiro; e Jailson de Souza e Silva, da organização Observatório de Favelas. “Essa iniciativa aposta em tantas coisas, pessoas e formas que o UNICEF aposta. Aposta no olhar da juventude, na força dos pares, que a cidade é feita de diferentes territórios, territórios que têm muitas dificuldades, muitas vulnerabilidades, mas também que têm muitas potencialidades. E aposta que informações, dados, evidências são fundamentais para se pensar em políticas públicas”, declarou Luciana.
Cristiane lembrou que os resultados da pesquisa têm sido aproveitados pela Prefeitura como um todo, em diversas secretarias municipais. “O que esses Cadernos podem trazer para as políticas públicas é dar um embasamento com dados concretos dessa juventude”, declarou. Jailson enfatizou a importância de reconhecer os jovens como produtores de conhecimento. “É uma superação da lógica tradicional de encarar sempre esses jovens como objetos de pesquisa. É uma inovação metodológica, e também de percepção da favela, quando você entende que esse jovem não é simplesmente alguém que vai receber esse tipo de política, mas que ele tem que ser cada vez mais fortalecido como sujeito para produzir esse conhecimento”, afirmou.
O evento foi encerrado com a apresentação de um grupo de dança da Rocinha. Confira os Cadernos da Juventude Carioca na íntegra aqui.