O foguete Falcon 9, contratado pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA) e que levará o experimento científico vencedor do projeto Garatéa-ISS, apoiado pelo Instituto TIM, para o espaço, deve ser lançado no início de julho. O experimento “Capilaridade vs Gravidade no Processo de Filtração”, feito por alunos do 2º ano do Ensino Médio do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), voará para a Estação Espacial Internacional (Internacional Space Station – ISS) e, lá, será operado por astronautas.
A iniciativa Garatéa-ISS possibilita que alunos brasileiros façam parte do programa norte-americano Student Spaceflight Experiments Program (SSEP), que incentiva, principalmente, a educação científica. O Brasil é a única comunidade fora da América do Norte a fazer parte do programa. “O Brasil era originalmente membro da estação espacial”, conta o engenheiro espacial Lucas Fonseca, diretor da Missão Garatéa, que realiza o projeto Garatéa-ISS. “Acredito que essa é uma retomada do Brasil, mesmo que por vias educacionais, para a cena espacial mundial”, completa.
Ao longo de 2018, mais de 4 mil estudantes de 10 a 17 anos foram envolvidos no projeto, convidados a construírem experimentos científicos para serem enviados à Estação Espacial Internacional. Para isso, foram realizadas formações com professores sobre a metodologia científica e os conceitos necessários para a execução do projeto. Um processo seletivo é realizado dentro de cada uma das escolas participantes, e o escolhido em cada uma é enviado para avaliação de uma banca de acadêmicos da Missão Garatéa. A banca elege três finalistas, que são então enviados para a NASA, que escolhe o experimento mais viável.
O experimento brasileiro vencedor e que vai para o espaço em julho, “Capilaridade vs Gravidade no Processo de Filtração”, é inspirado no filtro de barro, muito comum no Brasil e conhecido mundialmente por ser um dos mais eficientes. Na Terra, ele funciona através da gravidade, já que a água escorre pelo sistema interno e sai filtrada para nós. Esse processo original, no entanto, não funciona no espaço, já que as noções de gravidade são bem diferentes das terrestres. Partindo desse princípio, os alunos propuseram um experimento que usa um efeito físico chamado de capilaridade, que funciona independentemente da gravidade.
Após ganhar o concurso, o experimento passou para a fase de sair do papel. Todos os experimentos foram condicionados em tubos com diferentes cavidades, permitindo manipulação das substâncias pelo astronauta. No período de um mês, os astronautas receberão instruções dos alunos para operar cada projeto e, através dos dados fornecidos, eles acompanharão o experimento.
Passado um mês, os astronautas trarão o experimento de volta à Terra. Os alunos farão a observação dos resultados e formalizarão tudo num estudo, detalhando o processo e a conclusão final, incluindo se o projeto funcionou ou não – essa etapa finaliza o ciclo completo de investigação da experiência científica, construindo um estudo de campo completo.
Antes do lançamento do foguete, os alunos vencedores participam de um congresso, em Washington, nos Estados Unidos, em que contarão como é o experimento e a montagem do projeto para um público de acadêmicos e cientistas.
O projeto Garatéa-ISS é realizado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Apoio à Física e à Química (FAFQ) e conta com o patrocínio do Instituto TIM, entre outras organizações. “O fato do Instituto TIM já apoiar projetos que fomentam a educação nos mostra como se trata de uma instituição que se preocupa com a ciência, muito mais do que só financeiramente, mas de fato com o incentivo à educação científica no país. Por isso procuramos o Instituto TIM, sabendo que casava com a missão e os nossos objetivos”, explica Lucas Fonseca, da Missão Garatéa.
O objetivo do programa para os próximos anos é impactar entre 30.000 e 40.000 alunos.