De 2013 a 2016, o projeto Agentes da Transformação, realizado pelo Instituto TIM em parceria com o Instituto Pereira Passos, coletou dados sobre jovens de todas as comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro-RJ. Esse amplo trabalho de pesquisa gerou um retrato da juventude das favelas cariocas e impactou a vida dos 340 jovens que foram selecionados para conduzir as pesquisas. Eles foram capacitados em pesquisa de campo e alguns seguem trabalhando com causas sociais – um processo iniciado com o trabalho como Agentes da Transformação.
Victor de Andrade Matos, morador da Cidade de Deus, é um desses jovens. Para ele, participar da iniciativa foi decisivo para que criasse, junto com amigos, dois projetos sociais: o Escola da Paz proporciona atividades extraescolares aos sábados e o Distribuidores de Alegria realiza festas de Dia das Crianças, Páscoa e Natal, contando com doações. Juntos, eles atendem cerca de 500 crianças da comunidade. “O projeto foi transformador na minha vida. Se não tivesse participado, não teria transformado a vida de tantas crianças”, afirma.
O jovem de 20 anos participou como bolsista em 2013 e fez parte da equipe administrativa do projeto até 2016. Esse trabalho fez com que ele conhecesse outra realidade da Cidade de Deus. “Sempre tive contato com a parte de fora da minha comunidade, mas não com o interior dela. Eu não fazia ideia de que no lugar onde eu morava podiam existir áreas tão precárias e tão abandonadas pela sociedade”, diz. Victor, que cursa graduação em Educação Física e trabalha em uma fábrica de sorvetes, pretende continuar com os projetos sociais após formado.
Eduardo Rosa, de 23 anos, que também foi bolsista em 2013, conta que a experiência mudou sua vida profissional. Além de superar a timidez por conversar com as pessoas da comunidade da Formiga, o método de pesquisa em campo contribuiu para sua segunda experiência profissional, como assistente de mobilização do programa Caminho Melhor Jovem, do governo do estado do Rio de Janeiro. O programa, que foi encerrado em 2017, buscava mobilizar e ouvir jovens de favelas do estado para oferecer cursos, eventos culturais e oportunidades que atendessem suas demandas. “Tínhamos que ter uma dinâmica de campo para chamar os jovens, e consegui tirar de letra por causa do trabalho que fiz com Agentes”, afirma.
Atualmente, Eduardo cursa graduação em Serviço Social e também deu início a projetos sociais voltados a jovens – uma vontade que surgiu a partir de Agentes. Junto com outras pessoas da comunidade, ele criou o Polo Cultural Arte Jovem e é responsável pelo concurso Rainha da Favela, com atividades relacionadas à moda para empoderar jovens das comunidades. Além disso, ele inaugurou recentemente um projeto de dança de salão na Formiga, produz uma revista online sobre cultura jovem nas favelas e está escrevendo um livro com histórias de jovens que se tornaram representativos em comunidades do Rio de Janeiro. “Hoje eu continuo sendo um agente da transformação”, orgulha-se.