Cadernos do TIM Faz Ciência passam a ser Recursos Educacionais Abertos
Parte do conteúdo que compõe a metodologia do TIM Faz Ciência são agora Recursos Educacionais Abertos (REA). Desde agosto deste ano, os oito cadernos para o professor e o caderno para estudantes disponíveis no site do Instituto TIM estão publicados sob a Licença Creative Commons (CC BY-AS), permitindo que sejam usados, adaptados e distribuídos por qualquer pessoa. O Tim Faz Ciência foi desenvolvido e implementado pelo Instituto TIM com metodologia elaborada a partir da afirmação do pensador Neil Postman, de que todo o conhecimento é resultado das operações intelectuais Observar, Verificar, Classificar, Questionar, Definir, Aplicar e Generalizar. O projeto já envolveu mais de 3,9 mil escolas, 11 mil professores e 330 mil estudantes de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental.
Democratizar o conhecimento em prol do desenvolvimento humano é parte da missão do Instituto TIM e os Recursos Educacionais Abertos estão se tornando uma ferramenta importante para a ampliação do acesso ao ensino e na melhoria da qualidade da educação. O termo REA foi adotado em 2002, durante um fórum da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e desde então vem sendo debatido em todo o mundo e chamando a atenção de pesquisadores, educadores e governos por representarem uma alternativa econômica para a democratização da Educação.
Para entender melhor o seu significado, o Instituto TIM conversou com a educomunicadora Priscila Gonsales, uma das fundadoras do Instituto Educadigital, organização da sociedade civil premiada internacionalmente por seu trabalho pela causa da educação aberta associada à promoção dos direitos digitais. De acordo com Priscila, a Educação Aberta é um movimento histórico que hoje combina a tradição de partilha de boas ideias entre educadores com a cultura digital baseada em colaboração e interatividade. “Promove a liberdade de usar, alterar, combinar e redistribuir recursos educacionais a partir do uso de tecnologias abertas, priorizando o software livre e formatos abertos e envolve princípios relacionados a práticas pedagógicas abertas, com enfoque em inclusão, acessibilidade, equidade e ubiquidade”, explica. Educação inclusiva, equitativa e de qualidade é o 4 º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Agenda 2030) que destaca a tecnologia no desenvolvimento de sociedades do conhecimento. Leia a entrevista na íntegra:
O que são Recursos Educacionais Abertos (REA)?
Dentro da Educação Aberta existem os REAs que são materiais de ensino, aprendizagem e pesquisa, fixados em qualquer suporte ou mídia, pode ser uma imagem, um recurso audiovisual um livro impresso, que estejam sob domínio público ou licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. Segundo a lei brasileira de direito autoral, uma obra só é de domínio público após 70 anos da morte do autor e só pode ser usada mediante autorização. Para ser REA basta que o material tenha uma licença aberta. Um Recurso Educacional Aberto se diferencia de outros recursos digitais por três princípios básicos: é composto por conteúdos de aprendizagem, utiliza formato técnico aberto e tem licença aberta. São conteúdos educativos que possuem por padrão uma autorização pra uma série de usos legais e que podem ser facilmente modificados. Em resumo, há três elementos principais nos quais os REA se baseiam: conteúdos, ferramentas tecnológicas e recursos legais. A licença mais utilizada no âmbito dos REA é a Creative Commons.
A tendência é mundial?
Como exemplo da maturidade e da escala global do movimento, a UNESCO construiu um documento com recomendações apresentado na Assembleia Geral em 2019. Isso significa que os estados-membros deverão reportar periodicamente à UNESCO os avanços realizados em relação ao assunto. As recomendações são: ampliar a capacidade de atores para criar, acessar, adaptar e distribuir REA; desenvolver políticas de apoio, encorajar as características de inclusão e equidade dos REA, fomentar a criação de modelos sustentáveis e promover e reforçar a cooperação internacional em torno dos Recursos Educacionais Abertos. A UNESCO criou ainda uma iniciativa de coalisão chamada Open Educational Resources (OER) para apoiar os governos a implementar projetos de incentivo.
No Brasil, como está o movimento?
Hoje temos a rede de Líderes Educação Aberta formados pela UNESCO em uma formação inédita que coordenei em 2020 e 2021. São educadores e gestores educacionais que vão começar a disseminar os conceitos e princípios relacionados a políticas educacionais abertas. Projetos e iniciativas brasileiras estão sendo inseridas no Mapa Global de REA. Temos também a Iniciativa Educação Aberta, que é um grupo de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), com pesquisa aplicada, desenvolvimento de projetos e plataformas abertas, mentorias para a gestão pública, além de advocacy pela causa. Nosso trabalho possibilitou a aprovação do Projeto de Lei 1513/2011 em duas comissões (Educação e Cultura) e também gerou uma portaria ministerial 451/2018. São marcos legais importantes.
Quais os possíveis impactos dos REAs na Educação?
A adoção de REA na educação pública pode gerar diversos impactos, tanto econômicos como sociais, além de ser uma forma de garantia dos direitos digitais no serviço público. A utilização de materiais com licença aberta é uma excelente maneira de ampliar o acesso à educação fazendo um bom uso do dinheiro público em razão da economia de recursos. Além disso, é um incentivo para realizar melhorias contínuas nos materiais utilizados em sala de aula, com foco sempre na qualidade do ensino. Os REA também auxiliam na valorização da cultura local, já que é possível adequar e customizar de acordo com a realidade de cada escola. Cito ainda a possibilidade de ser um estímulo à formação continuada dos professores, que aumentam o próprio repertório ao ter acesso às plataformas que contém esses materiais. E mais do que isso: uma formação voltada para uma cultura de colaboração. A inclusão de Recursos Educacionais Abertos em sala de aula pode trazer, sem dúvidas, uma série de benefícios para as escolas.
Conheça algumas Plataformas REA: