Marechal Cândido Rondon, no oeste do Paraná, é o primeiro município a fazer uma instalação autônoma do software livre para gestão de serviços e ativos urbanos ZUP – Zeladoria Urbana Participativa, desenvolvido pelo Instituto TIM. Batizada de VcMCR, a plataforma começou a ser implementada em setembro de 2017 e foi lançada à comunidade em 17 de abril deste ano. Desde então, 144 relatos de irregularidades foram enviados por meio do aplicativo para o cidadão, com um tempo de solução médio de 5,71 dias.
Vilson Carlos Kickow, desenhista da Secretaria de Coordenação e Planejamento, conta que havia um interesse antigo na Prefeitura de implantar um sistema georreferenciado (já que a cidade é numerada de forma atípica e, por isso, os endereços não correspondem ao mapeamento dos GPS comuns). Havia também uma vontade de integralizar a gestão da Prefeitura e dar à população mais feedback sobre a gestão. Foi quando seu colega João Paulo Polles, técnico de Informática da Secretaria de Administração, conheceu ZUP por meio de Particity – instalação de ZUP em Cascavel-PR, que fica a 80 km de Marechal. Os dois entenderam que o software poderia contribuir para realizar esses objetivos. “Os funcionários efetivos trouxeram uma solução, observada em outro município, que atenderia e traria um benefício a essa administração”, explica Vilson.
Com o apoio do prefeito Marcio Rauber, a equipe de Marechal iniciou a instalação da plataforma de forma completamente autônoma. Eles implementaram a API, o sistema web e o aplicativo para o cidadão na versão Android, e estão testando o aplicativo ZUP Técnico, direcionado aos servidores que trabalham em campo. Há algumas diferenças em relação ao VcSBC, de São Bernardo do Campo-SP, que também adotou o aplicativo para o cidadão: a principal delas é que, ainda que o relato possa ser acessado pelo aplicativo, seu andamento não é notificado pelo celular. O principal meio de contato do VcMCR é o e-mail – o entendimento da equipe é que a maioria das pessoas usará o computador para conferir seus alertas ao invés do celular, especialmente os comerciantes.
Atualmente, o aplicativo permite relatos sobre três tipos de serviço: iluminação pública (lâmpada apagada, lâmpada acesa durante o dia, lâmpada oscilando, lâmpada quebrada ou ausente), recolhimento de lixo (recolhimento de lixo comum, recolhimento de lixo reciclável – a cidade possui coleta seletiva dividida por dias da semana e zoneamento) e reporte de focos de mosquito da dengue. A maioria dos relatos, cerca de 90%, é sobre iluminação pública.
Dos três serviços, dois são realizados por empresas terceirizadas (iluminação pública e coleta de lixo) e os feedbacks têm sido positivos. “As empresas terceirizadas já falaram ‘que legal esse aplicativo’” conta Vilson. Outra percepção veio da empresa de iluminação, que decidiu, com base nos relatos do VcMCR, mudar de fornecedor. Uma semana após trocar uma lâmpada, eles notaram que as reclamações continuavam. O motivo era a má qualidade dos materiais de suporte da lâmpada, que encurtava sua durabilidade.
“Nós mesmos fazemos reclamações dentro da plataforma”, conta João Paulo. “Aconteceu comigo. Algumas lâmpadas numa avenida perto de casa foram trocadas, percebi que estava funcionando, e dias depois eu vi que a mesma lâmpada quebrou. Tem essa questão que é o próprio cidadão que fiscaliza”, completa.