Mudar-se de cidade ou estado para cursar uma graduação é a realidade de muitos estudantes brasileiros. O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, apontou que 29,2% dos alunos do Ensino Superior estudavam em uma cidade diferente de seu município de origem. A implementação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) facilitou essa mudança, já que os estudantes não precisam mais se deslocar até outra cidade para prestar vestibular para boa parte das universidades públicas. Dentre os jovens contemplados pelas Bolsas Instituto TIM-OBMEP, não é diferente: diversos bolsistas saíram da casa dos pais para conseguir realizar o curso dos sonhos, com o suporte das Bolsas IT-OBMEP.
Na família de Ricardo Vidal Teixeira, tanto ele quanto sua irmã se mudaram de Piraúba-MG para Juiz de Fora-MG para cursar a graduação na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A irmã de Ricardo está no último ano de Farmácia e recebe bolsas concedidas pela UFJF. Já o estudante do primeiro ano de Engenharia Civil conta com as Bolsas IT-OBMEP. “Só a renda do meu pai não era o suficiente para manter nós dois em Juiz de Fora”, explica Ricardo, que utiliza a bolsa para pagar aluguel, contas, materiais do curso e despesas pessoais. “Ajuda bastante, porque o custo de vida aqui não é barato”. O pai do estudante é motorista na Prefeitura de Piraúba e a mãe é dona de casa. Ricardo recebeu seis medalhas de ouro e uma de prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), e agora ajuda o irmão mais novo, aluno do 6º ano, a estudar para sua primeira participação na OBMEP.
Fabiane Sene da Luz, do pequeno município de Unistalda-RS, com 2.450 habitantes, foi a única estudante de sua escola premiada na OBMEP durante o período em que estudou por lá, tendo conquistado uma medalha de bronze e três menções honrosas. Como seus pais possuem problemas de saúde e estão afastados do trabalho, Fabiane e seus três irmãos contribuem com a renda familiar. A bolsa deu a oportunidade para que ela se mudasse para Santa Maria-RS para cursar Engenharia Química na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “A bolsa foi uma chance de eu conseguir ficar na universidade, tendo em vista a situação da minha família. Eles não poderiam me manter aqui”, diz. Com o benefício, Fabiane adquiriu um notebook e compra materiais para estudo. Ela usa parte do valor restante para ajudar a família e guarda outra parte para quando terminar a faculdade e se mudar da cidade.
Com quatro medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze na OBMEP, Edmar Servante Linares Júnior saiu de Adamantina-SP em 2014 para cursar Engenharia Mecânica na Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Por dificuldades e questões financeiras, acabou trancando o curso. “Fui assaltado duas vezes, não tinha tranquilidade, e os custos de morar na cidade são muito altos”, conta. Em 2016, prestou vestibular novamente para a USP, mas desta vez para São Carlos-SP. Com a bolsa, ele consegue dividir o aluguel do apartamento com um colega, custear despesas pessoais e ajudar seus pais – sua mãe é dona de casa e seu pai está desempregado. A bolsa também possibilita que Edmar se dedique exclusivamente aos estudos, já que o curso é em período integral. “Se tivesse que trabalhar, ia ter que trancar o curso. Não teria possibilidade de eu trabalhar e conseguir ser aprovado nas matérias”, afirma.