O objetivo das Bolsas Instituto TIM-OBMEP é dar condições para que jovens talentos da matemática que tenham sido medalhistas em alguma edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) continuem estudando e se formem na faculdade. Desde 2015, a cada ano 50 estudantes de todo o país, aprovados para fazer a graduação em universidades públicas, são selecionados para receber o apoio – que é de R$ 1.200 por mês e dura 4 anos. Boa parte deles são moradores de regiões afastadas de grandes centros, e não conseguiriam fazer a faculdade sem a bolsa. Alguns, inclusive, utilizam o dinheiro do apoio para complementar a renda de suas famílias.
Os gêmeos Gabriel e Mateus Leite Queiroz Nunes estudam Estatística na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. O gosto pela matemática é de família: a mãe dos rapazes, que fez técnico em Eletrotécnica, gostava da matéria e os ensinou a fazerem contas desde pequenos. Gabriel e Mateus participam do Programa de Iniciação Científica e Mestrado da OBMEP, no qual passam os dois primeiros anos da graduação fazendo as cadeiras básicas de Matemática e nos últimos dois dão início ao processo de mestrado. Ou seja, vão terminar, ao mesmo tempo, a faculdade de Estatística e o mestrado em Matemática. Como ficam em tempo integral na faculdade, não têm tempo de trabalhar, e a bolsa ajuda a complementar a renda da família – os pais dos gêmeos possuem um comércio que foi afeitado por causa da crise. “É o que me faz sentir mais seguro com a vida, confortável: saber que vou poder ajudar meus pais para que eles não precisem ir dormir toda noite pensando se vão conseguir dinheiro pra gente comprar livro, pra ir pra algum lugar”, conta Gabriel.
O gosto pela matemática também vem de casa para Ana Maria Paludo, estudante de Matemática na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Pato Branco-PR. Sua irmã mais velha é professora da matéria. “Quando eu era criança, brincava que era professora e ensinava todo mundo. A matemática me encantava pela precisão, pela lógica, pelo uso no dia a dia”, relata. A mãe de Ana é costureira e seu pai sofreu um acidente enquanto trabalhava no Exército que lhe afetou a coluna e o impede de trabalhar. Ana aproveita a bolsa para ajudar a família, além de ter mais tempo para se dedicar exclusivamente aos estudos. “Fiquei aliviada, porque ia conseguir cuidar da minha família e também me aprofundar nos estudos.” Assim como a irmã, Ana Maria pretende ser professora de matemática no futuro.
Ianca Colombo, que estuda Engenharia Mecânica na Universidade Federal de São João del-Rei, também usa o dinheiro do apoio para ajudar em casa. Bolsista de 2016, no início da faculdade ela morava em Lagoa Dourada, a 40 km de São João del-Rei, com a mãe, a irmã de 15 anos e a avó. Até ser contemplada com a bolsa, a renda da família dependia da aposentadoria da avó e do trabalho de Ianca em meio período em uma papelaria. “Quando vi que consegui a bolsa, senti que valeu todo o esforço que tive na minha vida. Foi uma alegria que nem consigo falar!”, lembra a estudante. Para conseguir fazer a faculdade e, ao mesmo tempo, complementar a renda da família, Ianca estudava de manhã e nos finais de semana, trabalhava na papelaria à tarde e ia para a universidade à noite (um percurso que levava cerca de 3h).